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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

“From bad to glad – an unexpected journey”


Olá jovens, eu sou o Almirante Denófrio, pra quem me conhece deve ser uma surpresa ver meu nome relacionado a um blog com a intenção de levar informação sobre Magic a qualquer lugar, afinal de contas eu sou aquele cara que joga o round 3 com as crianças de 10 anos naquela mesa do fundo, que termina quase todo torneio 1-x. Vocês devem estar se perguntando então o porquê desse artigo (exceto aqueles que tenham feito CCAA + 4ª série reforçada, que já devem ter deduzido pelo título), esse artigo tem o objetivo de apresentar a caminhada de um jogador de Magic medíocre aos pináculos do conhecimento de um platinum pro player (mentira, meu objetivo eh participar de um pro tour só, pra dar um beijo no kibler e ser expulso por correr pelado no meio de um deck tech).
 

Eu gostaria de explicar como eu cheguei até essa decisão, então senta que lá vem história...
 

Era uma noite chuvosa de 1988, tá bom, vamos pular essa parte.
 

Eu como muitos dos que estão lendo esse artigo agora, já joguei World of Warcraft, League of Legends, Futebol, Polo Aquático, verdade ou consequência, então por que Magic, e por que tentar ser competitivo?


Um só motivo, Budweiser, great times are coming. Eu jogava commander com alguns amigos que aos poucos foram meio que dando uma afrouxada, até o ponto em que eu estava indo para um campeonato de commander sem ninguém de carona no meu carro, inaceitável, eu preciso de festa, eu preciso que curtir o momento com amigos, é o que dá e sempre deu a graça da coisa. Então eu, que entrei aqui para o MTG Factory completamente pela janela, exatamente pelo simples fato de estar junto com o pessoal nos bons momentos e estar sempre disposto a construir mais desses momentos (sim, eu sou muito legal), estou abraçando a ideia completamente, afinal, já que temos um grupo tão legal se apoiando, por que não maximizar o lucro de todo esse investimento de tempo?

E falando em investimento, a gente tem essa parte dura de adentrar ao cenário competitivo, o cara acaba montando aquele deck capenga, com guildgate no lugar das shock lands, pacifismo, aquele rato que descarta uma carta e toda a pool de selado do último pré-release.
 

Falando por mim e pelo MTGFactory, temos uma mensagem pra você, NÃO USE DORGAS!
 

No futuro a gente vai começar a tratar de Deck Brewing (English motherfucker, do you speak it?), por hoje a gente ainda usa as listas dos pro tour e afins. Mas o que eu quero dizer de verdade, é que se você antes era uma criança perdida na floresta com um deck de guildgate de 73 cartas porque tinha tua coleção toda dentro do deck, dá a mão pro tio, vamos usar uns decks bons, pede as cartas emprestadas pros amiguinhos, vende picolé na praia que agora é verão, vai dá uma banda depois da zero hora e vê se alguém te oferece 50 conto. Eu tenho pouquíssimas cartas, amigos incríveis e uma habilidade nata de mendigar.
 

Então eu, o elo fraco do grupo vai virar uma máquina de destruição em massa, mas como?
 

Coloque o volume no máximo e tente não dançar loucamente enquanto lê o artigo.


 


O que faz um jogador ser melhor que o outro?


Errar menos.


Pra provar pra vocês como eu sou ruim vou fazer um leve report sobre a minha passagem pelo GP trip.
Uma semana antes eu tinha utilizado um pouco de meus dons de mendigo e dado umas bandas depois da zero hora e consegui um Rakdos Aggro do Navas.

Round 1




Pedro Pereira Jr. (Jota)


No round 1, eu joguei com um dos melhores jogadores daqui de Floripa, eu fiquei muito feliz, pois é exatamente contra esse tipo de cara que eu tenho que jogar pra melhorar meu nível.


G1, ele me passou a carreta num jogo que eu achei normal (faz tanto tempo que não me lembro dos lances e muito provavelmente meus erros ficaram invisíveis  para  mim mesmo)


G2, Thoughtseize, Thoughtseize, removal, removal, GG (beleza, ainda to vivo eu pensei...)

G3, Mão de duas lands, 83 removals e um churros. Ele faz passarinho e eu fico consciente de que eu preciso da 3 land pra jogar qualquer removal, no meu turno 3 eu faço um bicho, adivinha quem aparece no turno 4 dele? Sim, o jovem surfista das ondas, se eu tivesse dado um removal no passarinho no turno 2 ou 3 eu tinha mana pra resolver esse master of waves e consequentemente estabilizaria a mesa.

Moral da história:  maldita zica, o jota é um iluminado mesmo.

Round 2 (fight!)




Vinicius


Ele estava jogando com um junk mutcho loco,  meio midrange, very craze babe.


G1, o juiz  veio avisar pro Vinicius que ele tinha listado o deck errado e eu ganhei um game de bobeira.


G2, partimos pra porrada, era dedada no olho, tapa na cara, puxada de cabelo, bem no fim eu estava na minha fase de ataque com 8 de vida 3 bichos e ameaçava letal na volta enquanto ele tinha um polukranos com um marcador na corrida, eu como bom idiota não parei 2 segundos pra analisar porra nenhuma... Pensei: tá morto, vou bater com tudo, você deve estar pensando que ele me matou com um selesnya charm, um boon satyr, um raio, mas foi muito pior.... Ele só ativou um mutavault e me bateu (EU SEI QUE DÁ VONTADE DE PARAR DE LER NESSAS HORAS, MAS SEJA FORTE!).

do round 3 pra frente eu já tava muito bêbado e não me lembro de nada, só sei que eu acordei de novo na cama do Zunino (beijo Zu-Zu).

 Moral da história: eu sou burro.


Esse é o primeiro passo da nossa jornada, para aqueles que curtiram a vibe e estão na mesma situação que eu, ou parecida, ou não tem nada a ver,  vamos então trilhar essa estrada juntos.

Errar é muito genérico e nada simples, então a nossa primeira missão vai ser:

Não errar por falta de atenção, não perder um land drop, não esquecer que o oponente pode te bater com um mutavault na volta, bom, a gente que tá acostumado a jogar mal sabe de que tipo de jogada ridícula a gente tá falando.

E como pra esse tipo de campanha a gente tem que ter o reforço positivo e o negativo, se a gente conseguir passar essa semana sem errar, a gente pode se permitir tomar um banho com pétalas de rosas e essência  damasco, bem relaxante, se não a gente corta um dedo da mão.

Esse foi o meu primeiro post, lembrando que o MTGFactory vai estar destruindo bumbuns gulosos no PTQ de janeiro em Porto Alegre, então estou bem ansioso e motivado em poder melhorar o máximo possível até lá. Eu agradeço a todos os membros do MTGfactory por me deixar participar de toda essa magia linda e minha mulher maravilhosa que me deixa jogar um monte(aprende comigo Bruno). 

Vejo vocês na próxima Quinta com Dedé!

(segue o link do PTQ pra quem quiser ser molestado  https://www.facebook.com/events/629141200478359/)


quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Novo Canal!

É isso aí pessoal, começamos uma fase nova aqui no MTG Factory, estamos inaugurando o nosso canal no youtube! Confiram o nosso vídeo de apresentação.





Não deixem de se inscrever, vem muito mais novidades por aí!

-Vico


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

[REPORT] 2º PTQ Travel - R/W Devotion

Por Guilherme Bonow


PTQ Travel

Para se preparar para um torneio competitivo, nada melhor que ficar de olho em outros torneios competitivos, como os eventos do Magic Online e da Starcity Games. Você pode pensar que não é possível comparar um evento do porte dos citados acima com um de uma cidade “pequena”, porém, embora a comunidade de Magic em Florianópolis seja de um contingente muito menor do que em outros países/estados, ela é muito competitiva. Os jogadores são de um nível bom e muitos deles possuem/conseguem as cartas para montar o deck que quiserem, fazendo com que o ambiente muitas vezes seja um mix de dois top 8’s de eventos lá de fora.
Por isso, analisar eventos grandes acaba servindo para se ter uma ideia do metagame, para escolher um deck bem posicionado, encontrar alguma lista nova que lhe agrade ou ainda, encontrar possíveis modificações em seu próprio deck, sejam elas cartas de maindeck ou sideboard e principalmente, para não ser pego desprevenido por uma lista que você não tem conhecimento.

A escolha do deck


Com o ambiente do Standart do jeito que se encontra, a escolha do melhor deck, em questões probabilísticas é muito difícil. Na minha opinião, não existe um deck como o Jund do Standart passado, que possuía uma vantagem contra a maioria do ambiente (e também uma grande desvantagem contra alguns matchs). Ao meu ver, o que mais se aproxima disto é o atual Mono-Black Devotion, com o disruptor (Thoughtseize), card advantage (Underworld Connections, Nightveil), threats (Desecration Demon, Pack rats) e o melhor removal (Downfall), que me lembra um pouco a receita que era utilizada no Jund do passado.
Haviam várias boas escolhas para este torneio, mas o Mono-Black Devotion não me agradava justamente porque pensei que seria o deck mais comum do ambiente e embora o mirror fosse muitas vezes decidido pela sorte, eu acreditava não ter treinado o suficiente com o deck. Minha segunda opção era o B/G Aggro desenvolvido pelo Brian Kibler, mas se enquadrou na mesma questão do Mono-Black, achei a lista excelente, com várias cartas que estão muito fortes no ambiente, porém não possuía treino suficiente com o deck.
 
Percebi então que embora eu visse muitas listas boas, com decks que davam muita vontade de jogar, não teria tempo o suficiente para treinar para o campeonato e resolvi me focar em melhorar a lista do deck que eu possuía mais treino, o R/W Devotion. Minha primeira experiência com este deck foi no Game Day de Theros, montei ele sem ver nenhuma lista, por isto ele acabou ficando um tanto desbalanceado, pois acabei me focando um pouco mais em controlar o oponente, o que tirou bastante da explosão do deck.
Depois de jogar diversos torneios com o deck, testando muitas cartas que eram utilizadas em listas similares no MOL, cheguei a seguinte lista:

R/W Devotion

Criaturas (28)
4x Rakdos Crakler
Legion's Initiative4x Burning-tree Emissary
4x Ash Zealot
4x Frostburn Weird
2x Hammer of Purphoros
4x Boros Reckoner
4x Fanatic of Moggs
2x Purphoros, God of the Forge

Spells (8)
2x Chained to the Rocks
4x Mizzium mortars
2x Legion`s Initiave

Lands (24)
2x Mutavaul
4x Temple of triumph
4x Sacred Foundry
3x Nykthos
1x Boros Guildgate
10x Montanha

Antes desta lista, eu acreditava que a pior match do deck era o Esper Control. Veredito acaba com toda sua devoção, e se você jogar em volta dele, não vai conseguir causar dano o suficiente antes que o oponente controle o jogo, a não ser que seu oponente sofra de um mana flood. Chained to the rocks e Mizzium Mortars não servem para absolutamente nada na match(exceto quando o oponente utiliza Ashiok). Além disso, ele possui resposta para tudo no deck, por causa da Detention Sphere.

Esper Control é a principal razão pela qual incluí Legion’s Initiative. A carta consegue lidar com muitos problemas, tornando suas criaturas imunes a cólera, pelo baixíssimo preço de W/R e faz com que suas criaturas vermelhas ignorem a habilidade +1 do Jace. Mas não é só isso, contra outros matchs ela nunca é uma carta morta, ela comba com o EtB do Fanático de Moggs e do Purphuros, faz seus cracklers, ash zealots e burning-tree’s terem 3 de ataque, que aumenta o clock significativamente, além de passar por cima de criaturas /3 (principalmente a Sylvan Caryatid). Arrisco dizer que Legion’s Initiative foi uma das principais cartas que me fizeram ir bem neste torneio e não tiraria ela do deck por nada.

Um grande erro desta lista foram os Mutavaults, eles raríssimas vezes se tornaram criaturas e só serviram para zicar minhas manas, começando algumas vezes a jogar no turno 3.

Eu realmente não gosto do Stormbreath Dragon neste deck. Acredito que ele é uma carta que possui pouca sinergia com os outros elementos do deck, não causa um dano tão alto e sua proteção serve contra poucos matchs, embora sejam matchs difíceis, como Esper ou um mirror. Não acredito que um Stormbreath iria ganhar estes jogos sozinho, mas hoje consideraria a inclusão de duas cópias no sideboard.

Ainda acredito que o deck foi a escolha certa e o field se apresentou com muitos decks que fizeram bons resultados em torneios grandes, contando com UWR Control, BG Devotion, Mono U, BG Kibbler, GW Aggro, Mono B e Esper Control.






Sideboard

1x Purphoro
Entra principalmente nos matchs contra control, onde o oponente tem mais resposta à uma criatura indestrutivel. Em todos os outros matchs, 2 cópias é o suficiente, para diminuir as chances de ficar com uma carta morta na mão.

1x Burning Earth
Entra para punir oponentes que se utilizem de 3 cores nos baralhos, os quais contam com diversos terrenos não básicos.

2x Boros Charm
Bons em matchs contra oponentes que contam com sweepers no baralho, uma vez que grande parte das criaturas morre até para Anger of the gods. Em alguns casos, pode servir para matar planeswalkers também.

3x Asemble the Legion
Uma carta que eu costumava utilizar no main deck, que foi movida pro side, principalmente para não ser uma carta inutil contra decks mto rapidos. Além disso, as listas estavam utilizando-a de side e eu acreditava não existir muitos controls no ambiente.

2x Chained to the rocks
Eu costumava utilizar 3 no main deck e apenas 1 copia no side desta carta, porém, contra decks control, tanto os mizzium mortars e esta se tornando relativamente inúteis.

2x Wear//Tear
Chicote de Erebos, Reunir a Legiao, Underworld Connections, Chained to the Rocks já são razões suficientes.

2x Skullcrack
Entra principalmente contra decks de Sphinx Revelation, não só pra parar o ganho de vida, mas pra punir o oponente pela perda de vida de Thoughtseize e Shock lands.

1x Ricochete Selvagem
Raramente vai ser um carta inútil na mão e podendo ser extremamente poderosa, quando direcionada em um Thoughtseize, por exemplo. Em outras ocasiões, depende muito do estado da mesa, mas eu com certeza colocaria esta carta contra oponentes que usam spells de dano, como magma jet.

Resultado

O deck se comportou muito bem nos matchs, não senti que nenhuma partida era muito desfavorável, os oponentes foram G/W Agro, B/G Agro (Kibler), Mono Blue, G/R Devotion e na última partida do suíço, outro Mono Blue.

Eu abri 4-0 no torneio, tendo perdido apenas um game no caminho, até chegar à final. Ambas as partidas foram bem próximas, com o oponente ganhando com o letal exato, ambas as vezes com o a habilidade da Thassa. Os jogos foram justos, sem muito azar para nenhum dos lados.

Fiquei na segunda colocação no suíço, e indo para o top 8 meu primeiro match foi contra um deck que eu nunca tinha visto (nesta rotação): Junk que abusava do grave, não chegando exatamente a ser um reanimator. Ganhei a primeira partida, em que eu estava no play e na qual meu oponente muligou a 6. O jogo veio bastante rápido para mim, com Burning-trees e Purphoros e embora a mão do oponente contasse com algumas respostas, não foram suficientes.  O jogo se prolongou um pouco, mas ele sempre atrás na board.

O segundo game, eu enfrentei um mulligan a 5 (o primeiro por conta dos mutavaults, tendo um nyktos, um mutavault e diversos custos duplo vermelhos na mão inicial). Embora eu tenha comprado um removal e um sideboard para lidar com o Chicote de Erébos, ainda não foi o suficiente para ganhar uma posição favorável na board.

O game 3 eu vim com uma mão ideal, 3 fontes vermelhas, uma delas sendo também branca, Boros Reckoner, Burning Tree, Fanático e Crackler. Infelizmente, ao passo de que o jogo se prolongava, não fui capaz de atingir o quarto terreno, meu oponente resolveu um Obzedhat com a ajuda da barreira hexproff, que também serviu para segurar parte da minha ofensiva. Meu oponente se viu obrigado a não exilar, nem atacar com o Obzedhat, pois já estava com 6 de vida, enfrentando uma board com a minha mão inicial, exceto o Fanático. A medida que eu adicionei mais um Reckoner a mesa, meu oponente fez um Chicote de Erébos, que rapidamente elevou seus pontos de vida com o Obzedhat.

Quando finalmente compro um terreno, este ainda é um Nyktos, me permitindo gerar 7 manas (um burning tree foi sacrificado para entrar na frente do Obzedhat, pois eu já estava com 4 de vida). Resolvo o Purphoro e mais um Reckoner, preparando letal para o próximo turno. Infelizmente para mim, o top deck do meu oponente era um Anjo da Serenidade, que exilou meus blockers e desativou o deus vermelho, limpando o caminho para o conselho fantasma.


Concluindo...


Espero que o escrito aqui possa servir de auxilio a qualquer um que esteja utilizando este deck, sofrendo na mão dele ou pensando em experimentar jogar com ele; a estes últimos, eu recomendo que deem uma oportunidade, pois é um deck divertido (você vai dar risadas com quão broken ele parece as vezes) e também competitivo.

Encerro aqui minha primeira publicação, agradeço muito a quem gastou seu tempo lendo isso, caso tenham alguma dúvida ou sugestão, por favor publiquem-nas abaixo desta publicação.

-Guilherme Bonow Oliveira


https://www.facebook.com/mtgfactory

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Trabalhando a sua motivação e aprendendo com seus erros


Por Vincent D. Schneider

Eu abri 3-0, o Lenon abriu 3-0, tem um pessoal de Floripa 2-1 e o Vico abriu 0-3.”

Essa frase se tornou comum no começo desse ano, quando o Bruno Müller do nosso time resolvia informar a namorada dele e a minha sobre o andamento do torneio.
GP Rio, WCMQ e PTQ em Porto Alegre e alguns outros torneios esporádicos, eu ia acumulando resultados pífios que desanimariam qualquer jogador de Magic. Eu lamentava, parecia uma onda de azar que se recusava a terminar, culpava a zica, o meu oponente vir curvado, o flood, escolhas erradas de deck e me esquecia do principal, jogar melhor.

O problema é que a cada resultado ruim, a minha motivação para melhorar ia se esvaindo. Só quem já fez 1 ou 2 resultados muito ruins consecutivos ou em curtos espaços de tempo sabe o desânimo que bate, os questionamentos internos, inseguranças, etc. Foi uma fase muito difícil, a cada campeonato, por menor que ele fosse, eu havia perdido antes mesmo de começar devido ao meu próprio desânimo.

Magic é um jogo que exige muito do jogador mentalmente e, caso o seu estado mental não esteja bom, seja por problemas pessoais ou por sua própria insegurança nas suas habilidades, há uma chance muito grande de você não atingir um resultado desejável.

Algumas crises de identidade depois, eu comecei a ler mais artigos, me apoiei nos meus colegas de equipe e melhorei minha concentração durante os jogos ao admitir para mim mesmo que o erro estava na forma como eu conduzia as partidas e não na minha falta de sorte.

De lá pra cá, eu consegui 2° e 3° lugares em torneios de times (este último terminando em primeiro no suíço) e fiz top 8 em dois GPTs, perdendo na semifinal em um deles. Além disso, um 3° lugar num pre-release.

Mas Vico, esses nem são resultados tão expressivos assim.”

Com certeza, não há muito a se gabar com esses resultados e esse nem é o meu objetivo.

Como o próprio Bruno Müller comentou comigo há alguns dias: “Teu ano começou uma droga e terminou muito bom.”

Aonde eu quero chegar é que, pra quem não parecia conseguir se recuperar, conseguir resultados bons em curtos períodos de tempo e sem serem interrompidos por resultados fracos, mostra que a motivação e a dedicação são partes fundamentais do Magic.

Além disso, pode-se dizer que eu sou uma das provas vivas de que um jogador não pode se deixar abalar por um ou outro (ou 10!) resultados ruins. Se as coisas não estão a correr bem, faça algo em relação a isso. Mude o seu deck, o seu sideboard, o seu estilo de jogo. Leia mais. Nesse meio tempo, até um artigo do Tomoharu Saito falando sobre como melhorar a sua concentração eu li. Cada informação nova agrega valor à sua experiência de jogador e o torna um player melhor.



O mais importante é não perder a sua motivação. Podemos pegar o famoso Willy Edel, Pro brasileiro que já conseguiu vários resultados impressionantes como exemplo. Há algum tempo atrás ele vinha de uma sequência muito ruim e, depois de quase desistir de jogar profissionalmente (sim, Pros também têm seus momentos de fraqueza), conseguiu pegar o ranking platinum ano passado e já figura entre os 10 melhores jogadores do ano, de acordo com o ranking da wizards.

O Paulo Vitor Damo da Rosa, o nosso PV, é outro exemplo que pode ilustrar exatamente o que eu quero dizer. Acredito que ninguém duvide de sua capacidade ou mesmo de sua fama de um dos melhores jogadores do mundo. Mas a sua fase não é das melhores já há algum tempo, seus resultados não expressam com exatidão a sua habilidade como jogador.

A questão agora, jogador que não está fazendo bons resultados, é a seguinte:

Qual exemplo você prefere usar como parâmetro? O PV, cujos resultados ruins não refletem as suas habilidades, ou o Vincent do começo do ano, que merecia cada resultado ruim que alcançava? Quem você prefere ser?

Resultados ruins acontecem. Para cada Pro que aparece no top 8 de algum campeonato, existem incontáveis resultados ruins por trás. Cada um deles joga dezenas de torneios pra fazer resultados bons/excelentes em 2 ou 3. Então se eles, que são pros, podem, por que nós não podemos não é?

Aprenda com os seus erros. Converse com seus amigos e colegas de equipe. Leia mais. Mas, acima de tudo, não desanime.

-Vico

https://www.facebook.com/mtgfactory

500 visualizações!

E aí pessoal, passando aqui pra compartilhar com vocês a ótima notícia que tivemos hoje:

As postagens do MTG Factory chegaram a 500 visualizações!


Essas foram duas semanas muito legais, agradecemos imensamente cada visualização de vocês e esperamos que cada vez mais vocês gostem do material que compartilhamos com vocês e empenho da nossa parte não vai faltar.

E rumo às 1000 visualizações!

-Vico



sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Selado de Theros - Onde está seu deus agora?

Dae pessoal, Tiago aqui novamente e hoje venho falar do formato que mais curto no magic, o selado.  A ideia desse artigo é dividir um pouco dos meus pensamentos gerais sobre a montagem de deck e pra isso vou utilizar como exemplo um selado de Theros que joguei no MOL. Bora lá!

Processo de Organização:

Meu primeiro passo ao pegar uma pool é organizá-la, com as cartas em ordem fica melhor de visualizar as opções. Eu sigo a seguinte ordem:

- Separar as raras: não sou da opinião que “bombas” raras são definidoras do formato, mas é interessante você direcionar sua build pra poder utilizar as melhores cartas da sua pool.  Saber quais são suas “bombas” é importante para poder continuar.


- Separar playables de unplayables: isso é muito importante para a visualização, aqui sua pool fica mais enxuta e você realmente consegue ter uma noção melhor do que vai conseguir utilizar.

- Organizar por cor e custo de mana:Da um pouco mais de trabalho mais é bem interessante de se fazer, assim você consegue saber coisas bem específicas do tipo: “No verde eu tenho 10 playables boas, mas minha curva tá muito concentrada no custo 4 e 5”. No selado a curva de mana é muito importante num deck, como você não tem acesso a muitas spells que façam o famoso 2 por 1 (ex: Supremeverdict) é melhor não ficar fazendo land go com um drop 4 na mão enquanto seu oponente faz turno 2 bicho, turno 3 bicho e turno 4 bicho.



- Atenção especial as mecânicas do formato: A Wizards, de umas edições pra cá, ficou muito boa em criar mecânicas que funcionam muito bem no limited. Em RTR algumas já eram bem fortes, principalmente Extort e Evolve, mas em Theros todas são bem fortes e influenciam diretamente na qualidade da sua lista final.

Todas as criaturas com Bestow e Monstrosity são playables.  Grande parte das criaturas com Heroic são boas, principalmente pelo número de enablers disponíveis no formato (tricks, auras, bestows,etc). A mecânica Devotion permite a montagem de decks extremamente fortes, principalmente nas cores preto e verde, com cartas como Gray Merchant of Asphodel e Discípulo de Niléia, ambas comuns e que tem impacto imediato no jogo. Mais pra frente no artigo vou falar sobre uma pool de Theros em específico, e ai citarei o problema de se avaliar errado uma carta baseada em devoção, mais especificamente os deuses, que num primeiro momento enchem os olhos de qualquer player.

 

                                             

É importante que você sempre tente tirar proveito dessas mecânicas, buscando a build com a maior coesão possível, após analisados tais elementos.

Aqui você consegue visualizar bem suas opções e definir as cores e as cartas que vai utilizar. Vale lembrar que em treinos é bem normal dois jogadores montarem decks diferentes com a mesma pool. Isso quer dizer que um jogador está errado e o outro certo? Não necessariamente, uma vez que jogadores têm avaliações diferentes das cartas pelo seu jeito de jogar ou até por ter experiência em ter jogado com a carta e ter encontrado resultados mais positivos ou não. Por essa razão acho muito importante ter um time ou um grupo de amigos pra treinar, debater, isso com certeza acrescenta muito ao seu jogo e lhe ajuda às vezes a se livrar de alguns conceitos errados sobre determinadas cartas, ao mesmo tempo em que torna sua visão de outras mais completa.

Realizados estes primeiros passos, inicio os testes combinando as cores. Às vezes ocorre de você conseguir eliminar uma cor logo de primeira, seja pela ausência de criaturas, ou simplesmente um número muito reduzido de playables. Em Theros, especificamente, muitas pools dão inúmeras opções de combinação de cor, uma vez que a quantidade de comuns fortes no formato é bastante grande. Ao combinar as cores começam as análises mais profundas, algumas das quais vou relatar pra vocês citando a pool referente ao selado de Theros que joguei no MOL:




Começando os passos indicados acima, primeiro ponto é separar as raras.

Na pool temos:

Hundred-Handed One, Boon Satyr, Steam Augury, Prophet of Kruphix, Temple of Deceit e Heliod, God of the Sun.

Olhando carta por carta, ainda não considerando cores, temos Hundred-Handed One, Boon Satyr  e Prophet of Kruphix que são criaturas muito fortes. O Steam Augury eu usaria se já estivesse nas cores dele, mas não é uma carta que me faz definir a escolha de um deck. O Temple of Deceit que eu vou acabar utilizando em qualquer deck que utilize uma das cores, pelo scry.

E chegamos finalmente o Heliod, God of the Sun, que é uma carta que parece e é muito forte por si só, mas é muito mal posicionada no formato, o que podemos analisar por partes:


1º - A habilidade de vigilância que ele da para as criaturas: Nesse formato cheio de tricks, bestow e criaturas com heroic, bloquear é muito ruim. As criaturas ficam muito grandes facilmente, então vigilância só se torna bom se você tem a maior criatura da mesa. 

2º - A habilidade de criar criaturas: Tem um custo muito alto e é extremamente lenta.  Em qualquer outra edição, ela seria muito forte no selado, mas em Theros é muito comum ter uma criatura 4/4 ou mais batendo no turno 4 ou 5.


3º - Alcançar cinco de devoção: Não é tão fácil, a pool precisa ser muito específica pra conseguir tirar proveito do Heliod. Isso acontece em quase todas as cores, todas elas tem poucas permanentes boas pra ativar o devotion, salvo preto e verde, como citado anteriormente. Montar um deck voltado para ativar um deus acaba mudando sua avaliação de algumas cartas, com isso você acaba trocando um pouco de consistência por poder.  Em casos muito específicos você consegue usar o deus no seu deck, mas não é o caso dessa pool.


Separar as playables e organizar por cor e por custo no MOL é mais tranquilo e fácil de visualizar (falhei em não tirar um print dessa etapa) e fazendo isso nessa pool eu tinha algumas opções de decks, das quais:


UW – Eu teria um grande número de playables pra jogar de UW, utilizaria 2 raras e teria assim um deck agressivo. Foi o primeiro deck que eu separei, mas eu vi que a qualidade das criaturas não era boa. Temos 3 drop 2 (Leonin Snarecaster e Traveling Phylosopher) no branco que são bons no draft, mas não são boas no selado.  O branco e o azul me dão um late game fraco, pois minhas curva de criaturas ia estar muito concentrada no 2. O deck seria mais azul, pela qualidade das cartas, então é meio trap usar o Heliod. É uma opção viável, mas não me agrada por essas razões.


BR- Teria um deck agressivo novamente. Na pool temos o Kragma Warcaller e 4 minotauros playbles. A curva desse deck me agradou mais que a do UW, eu teria drops bons nas curvas 2, 3 e 4 e ainda teria algum alcance no fim do jogo com Fanatic of Mogis e Gray Merchant. Essa é uma opção que considerei mais, até deixei ela como plano B caso eu enfrentasse algum deck com acesso a muitos removals de encantamento (minha build final sofreria pra isso). Meu problema com esse deck é abrir mão de cartas muito fortes que estavam na pool em outras cores.

Nimbus Naiad, Thassa’s Emissary, Boon Satyr e o Prophet of Kruphix me fizeram chegar a esta lista:



                                    

 UG Midrange

Essa foi a lista que eu joguei o campeonato, com essa lista eu conseguia unir 2 fatores que acho importantes para um deck selado, consistência e poder das cartas. Tenho um número legal de drops 2, que me ajudam a impor um clock em forma de Vaporkins, e acelerar o jogo. Voyaging Satyr é uma carta muito importante num formato onde o tempo é tão decisivo. O deck mostrou ter umas linhas de jogo interessantes, mãos com Vaporkin, um dos tritões heroic, algum trick já me levavam a um caminho bastante agressivo.  Ou mãos com Voyaging Satyr rampando, Fate Foretold me ajudando a não perder os land drops e chegar no ponto aonde o deck ficava mais forte, no midgame, onde eu consigo resolver cartas como Prophet e até mesmo castar bestow em minhas criaturas.

Qualquer um dos bestow em um Vaporkin impõe um clock muito rápido que precisa de resposta imediata por parte do oponente. Wavecrash Triton é um verdadeiro All-Star no arquétipo. A partir do momento que eu consigo encantar ele com qualquer bestow, além do grande tempo advantage, tenho uma criatura com um corpo considerável tanto ofensiva, quanto defensivamente.

As grandes estrelas do deck são o Prophet e o Boon Satyr. Bestow já é uma habilidade forte, com flash fica bem absurdo.



Eu pessoalmente não sou muito fã das cartas Savage Surge e Thassa’s Bounty, usei elas por consistência mesmo, não teria mais nenhuma carta que usaria no lugar delas nas cores, não acho que usar Benthic Giant é interessante, por já ter 2 Scholar na curva, o qual vale ressaltar que é muito bom com Prophet.

A Mnemonic Wall não tem alvos suficientes pra ser boa.  Eu gosto de Shredding Winds, mas por existir a possibilidade de ela ser morta em alguns jogos eu preferi não utilizá-la no main deck, mas é sempre bom contar com a mesma no sideboard (acabei não vendo nenhuma criatura fly o campeonato inteiro mesmo).  No fim o Savage Surge foi como o esperado, não foi bom quando veio, mas o Bounty subiu um pouco no meu conceito. Grande parte do sucesso dele nas partidas foi pelo fato de eu ter 2 aceleradores e o Prophet. No round 2, por exemplo, eu estava atrás no jogo, com a mão vazia e só o Prophet na mesa e 6 terrenos em jogo, na draw phase compro Bounty, faço, compro scholar e boon satyr, passo turno, resolvo Scholar e por ai consigo virar o jogo.
 

Sobre os matchs, não acho que tenho muito a acrescentar falando deles, no round 1 eu joguei contra um BW devotion, no game 1 eu ganhei muito rápido abrindo de Vaporkin turno 2 e Ordeal turno 3. No game 2 eu também consigo fazer um Vapokin no turno 2, tritão no 3, encantar e me colocar bem a frente no early game, dou uma floodada e ele consegue voltar pro jogo com Gray Merchant e Ashen Rider, até que resolvo o Prophet. Com bounty compro todos meus bichos bestow e ganho um match bem próximo.

No round 2 eu jogo contra outro B devotion, ganhei o game 1 com algum bicho batendo com nimbus naiad, não me recordo qual e g2 ele consegue curvar e fazer bicho no turno 2, 3 e 4 e eu não consigo acompanhar. E no game 3 depois de um jogo muito tenso eu consigo controlar o chão com Wavecrash Triton e vencer batendo com 2 Vaporkin.


No round 3, outro BW, dessa vez com splash verde pra Mistcutter Hydra. O game 1 foi um jogo bem tenso, até que ele consegue fazer 2 emissários (o branco e o preto) e encantar ambos com Hopeful Eidolon. Assim eu começo a ficar muito atrás na race e apesar de matar ambos eu não consigo voltar pro jogo. Game 2 no play eu mulligo, pra uma mão com 1 ilha, 2 Vaporkin, 1 Triton Fortune Hunter e 2 spells verdes, eu keepo por saber que o deck dele é muito for te e consigo comprar a segundo land no primeiro draw, e fazer 2 vaporkin, mas a race fica injusta após ele fazer Fabled Hero turno 3, grudando um Eidolon nele no turno  4 e encantando ele novamente com Chosen by heliod no turno 5. Batendo 5 double strike e lifelink eu não consigo voltar pro jogo. Final 2-1 no evento.

Eu fiquei feliz com o resultado final do deck, infelizmente não foi páreo pra build do cara na final, Hopeful Eidolon é realmente muito, mas muito bom mesmo.

E é isso pessoal, espero que dividir meus pensamentos de alguma forma ajude, sempre lembrando que conversar sobre o formato, discutir a avaliação das cartas com alguém, sempre é muito proveitoso, mesmo quando você acha que está certo, é bom debater pra levantar aquela dúvida dos seus conceitos e seus porquês.

Sugestões são muito bem vindas, tanto com relação ao formato do artigo, quanto com relação ao deck final! Se tiver interesse comente como você montaria com essa pool, novas ideias serão sem bem recebidas e com certeza debatidas.

E ai, qual deck você montaria?

Por enquanto é isso, valeu!

-Tiago Santos






terça-feira, 3 de dezembro de 2013

O choro é livre, mas incomoda.



No geral, o jogador de Magic é chato. Temos uma forte e infeliz tendência a nos apoiarmos na parte do jogo a qual não controlamos, a tal da Sorte. Não sei se por decorrência dos valores altos investidos nos decks, ou se simplesmente por não querermos parecer menores/piores perante os outros jogadores/amigos, mas o choro se faz presente em todo campeonato pequeno de Magic e infelizmente, na maioria absoluta dos jogadores.

O que me motivou a escrever sobre tal tema foram meus recentes infelizes resultados, os quais não tenho dificuldades em compartilhar. O último evento que joguei foi quinta-feira passada em A Toca revistaria, o famoso TNM, no qual fiz o incrível resultado de 1-3, jogando com Monoblue Devotion, o deck que ao meu ver, divide confortavelmente o topo dos tier 1, juntamente com o Monoblack Devotion.

Posso relatar que entrando na quarta rodada do campeonato 1-2, parei para respirar por um segundo e percebi que eu estava me comportando da forma como mais abomino que um player se comporte durante um torneio de Magic. EU, que tanto abomino o Mimimi, estava envolto no mesmo, reclamando audivelmente de cada draw dado no Round 3, reclamando de cada carta jogada pelo meu adversário, ou seja, sendo o tipo de player desagradável que tanto detesto.

Iniciei a quarta rodada com isso em mente, enfrentando o colega de time Guilherme Bonow (o qual ainda deve um report para este blog!). Percebi ali que, sem reclamações, o jogo fluía bem melhor, mesmo eu o deixando com 2 pontos de vida no primeiro jogo e depois tomando uma sequência de algo como 7 num turno e + 13 de dano no outro.

 Ai passa alguém e comenta Como o Bonow ganhou aquele jogo?.

E isso é bem simples, ele lidou com as minhas threats, desativou minha Thassa.. fez o que o RW Devotion faz de melhor contra o Monoblue, o qual não consegue lidar com a Devotion dele, o que gera Fanatics bem grandinhos. NADA MAIS JUSTO! E ali, perdendo a quarta rodada e indo pra o recorde horroroso de 1-3, consegui me acalmar e ver justiça num jogo de cartas, o qual tem uma comunidade que reclama em excesso, o tempo todo, mas que nunca, NUNCA admite quando erra.


Sorte e Probabilidade


Isso já foi citado antes, por outros players/escritores, em outros países, em diferentes momentos da história do Magic.. Mas a verdade, a qual parece que muita gente desconhece, é de que o jogo é muito mais baseado em probabilidade do que sorte.

 Por exemplo, a chance de você embaralhar direito o seu deck e pegar uma mão de sete com SETE terrenos, em um deck, por exemplo, com 22 terrenos, é de algo como 2%.

Sim, 2% é um valor ridiculamente baixo e você é azarado, certo? Não, 2% diz, basicamente, que a cada 100 mãos que você abrir com este deck, provável que 2 delas serão mãos com 7 terrenos. Podemos reduzir este número para um a cada 50. Agora pare pra pensar em quantas vezes você embaralhou e abriu mãos de sete com este deck, somando treinos, com campeonatos.. o número 50 parece pequeno, não? Se não parece, deveria. :D

Agora como citado em outro artigo que li uma vez, mas que não me recordo onde encontrá-lo, questões como o raio do topo, os 3 de dano que faltam para o seu oponente. Na hora que você cria uma linha de jogo onde você perde para uma carta específica do deck do oponente, você já está perdendo, justamente pq você está apoiando suas chances de vitória em uma variável que não é de seu controle. Não me entendam mal, não estou dizendo que não vão surgir situações de jogo em que você vai jogar pensando no “se ele não topdeckar X, eu mato ele na volta com Y”, isso acontece e bastante. Mas, além de existir a chance de ele comprar o “Raio”, o que ninguém leva em conta é no caminho que o oponente percorreu pra ti botar em situação na qual uma carta específica finalize o jogo.

Temos uma forte tendência a focar no final do jogo, o último turno, quando na verdade o jogo se define bem antes. Você perdeu porque só comprou terrenos? Me conte sobre aqueles 2 Burning Weird que você preferiu jogar pro fundo do deck com o scry da Thassa? (/notetoself)

O meu ponto com o artigo, é reforçar aquilo que eu converso com o meu time e que eu mesmo tenho desviado um pouco, mas pretendo voltar ao rumo. Não importa como foi a derrota, sempre tem algo que você provavelmente fez errado e isso se verifica em vários possíveis segmentos, os quais você sempre tem que estar disposto a melhorar:

 - Construção do deck! 

 60 cartas, certo!? Não, já começou errado. O seu deck tem 75 cartas, o seu Sideboard é tão importante quanto o seu Main, ou até mais, considerando a forte tendência de você jogar muito mais games com o Sideboard do que sem o mesmo, ao longo de um campeonato. Por muito tempo eu mesmo tive essa mania, fechava 12 cartas iguais as da lista que eu estava me baseando e “ah, deixa eu achar 3 aqui que parecem que vão ser boas e fechou”. Errado, bem errado. O mesmo vale pra construção do Main, algumas ideias são boas e valem à pena, mas na grande maioria das vezes a ideia do Pro, que tem tempo e experiência pra esculpir uma lista, são melhores do que a sua ideia, é melhor aceitar isso.

 - Sideboard!

 “Mas tu já falou sobre sideboard, wtf

 Eu falei sobre a importância da construção correta do sideboard, não falei nada sobre o ato de sidebordear. Normalmente se erra nessa parte, sei que muitos que estão lendo vão se identificar. Digamos que você está de monored, acabou de enfrentar um deck de controle. No sideboard você tem 4 Burning Earths 2 Chandra, Pyromaster e outras 2 cartas de custo 4 que são boas contra o referido deck de controle. Se você pega essas 10 cartas, coloca no deck e parte em busca de quais 10 deve tirar, provável que você já esta errando. Ai você faz o sidezinho brasileiro, clássico. “Vou tirar 1 de cada desses bichos aqui, tirar esses 4 raio, já que ele não tem bicho pra eu matar né” e ai descamba tudo de vez. Existem adeptos do sideboard que foca primeiramente no side-out e depois no side-in, como existem adeptos do inverso. Eu prefiro muito mais a ideia de tirar as cartas sub-ótimas no match específico primeiro, para depois incluir as cartas do sideboard, me dá uma maior segurança na estrutura final do deck sidebordeado.

 Por exemplo, de Monoblue, digamos que eu entre com:

 -1 Bidente (custo 4)
 -1 Jaces AOT (custo 4) e
 -2 Jace, Memory Adept (custo 5) contra Esper.

Se eu simplesmente tiro os Cloudfin Raptors (custo 1), que são ruins no match, e incluo 4 cartas de custo 4 ou mais.. eu acabo com um total de 12 cartas de custo 4 ou mais, o que vai fazer com que eu mulligue infinitas mãos de “land/land/bidente/jace/coruja/master of waves/jace”. Agora pense nas mesmas alterações, mas tirando os 4 Master of Waves para incluir os drop 4 do sideboard e ai tirando os Raptors pelos Gainsay, por exemplo. Acaba fazendo muito mais sentido, de forma que não pegas a estrutura de um deck e simplesmente a quebra no meio.

Uma coisa que pode ajudar nessas horas, pelo menos eu tento imaginar assim, é você visualizar o seu deck como se ele estivesse no deck edit do Magic Online, dividido pelo custo, como você pode ver no exemplo abaixo. Se você consegue imaginar como fica sua curva depois das alterações, fica mais fácil evitar cair em algumas ciladas, isso é importantíssimo até mesmo no limited, onde você normalmente sideia entre 1 e 3 cartas, mas o impacto da mudança em curva em baralhos de 40 cartas é muito maior.


Exemplo de deck no MOL

Enfim, Sideboard merece um artigo só seu que talvez eu o faça no futuro, mas para fins de entendimento do artigo que você esta lendo, lembre-se que sidebordear errado é um dos motivos pelo qual você perde partidas que não deveria perder, ou que acabam parecendo que você perdeu por sorte do oponente.

 - Mulligan! 

Outro fator do jogo que pesa muito mais do que qualquer fator sorte, é o saber ou não mulligar corretamente. Os artigos que falam sobre Mulligan normalmente tendem pra superfície mais extrema do assunto, abordando situações de mãos com 1 land e a chance de você chegar na segunda land ou não. Esse tipo de Mulligan é importante e você vai se deparar com esta situação inúmeras vezes, mas o que às vezes as pessoas deixam de lado são situações onde o Mulligan não é tão simples. Exemplos:

 Mão 1: 4 Swamps, 1 Underworld Connections, 2 Mercantes.
(Você está no play com o seu Monoblack, não sabe o deck do seu oponente.)

 Mão 2: 6 lands e 1 Sphinx’s Revelation. Das 6 lands, 2 são lands Scry.
(Você está no play com o seu Esper Control, sabe que o seu oponente está de Monored)

A Mão 1 perde pra muita coisa do Field atual, mas principalmente, perde pra Thoughtseize.

Sim, você tem que levar esse tipo de especificidade em consideração, afinal, se você está com 4 Thoughtseizes no seu deck, sabe que o deck vem fazendo bons resultados, como que você não vai considerar esta carta vindo do lado adversário?

A Mão 2 é keepável contra decks Devotion e outros controles, mas como especificado, você está enfrentando um Monored, deck que, além de infernizar a vida do Esper, faz o estrago antes de você chegar na land do veredito, então te exige no mínimo 1 resposta entre o turno 2 e 3, a qual você terá dificuldades de achar com esta mão.

Ou seja, talvez não sejam os melhores exemplos do mundo, mas tem muitos fatores que influenciam no fator Mulligan, você deve estar ciente deles na hora de tomar sua decisão. Lembrando que o medo de ir a 5 cartas provavelmente está lhe fazendo perder boa parte de seus jogos, nos quais você keepa mãos ruins de seis e dá de ombros com cara de “fazer o que né”. :D

 - Embaralhamento!

Imagine um cenário onde você acabou de jogar o Game 2 de um Esper VS Esper, onde o jogo terminou pois acabou o tempo da rodada, você tem 16 lands em jogo.. seu oponente tem 15.. Os graves? Cheios de Spells. Você sai dessa rodada e já cai em outra, feliz pq fechou 1-0 no mirror, se sentindo invencível e pronto pra passar o carro em todo mundo.

Você tira o side do round anterior, embaralha o deck ali no mais ou menos, faz uns 7 riffle shuffle e dá o deck pro seu oponente da 2ª rodada cortar. Mão inical? 7 terrenos.

 “Nossa como a vida é injusta! Cai nos 2% de novo!”

Não, por favor... Esses 2% que eu tinha citado são pensando em um cenário onde você embaralhou o seu deck devidamente, randomizou as cartas como elas devem ser randomizadas. Essas 7 lands que você pegou ai você mereceu, você não embaralhou devidamente.

 “Então beleza.. se eu pegar mirror de control eu tenho que embaralhar mais, é isso?!

Não, também não. Você tem que criar um padrão de embaralhamento onde você saiba que ocorre completa randomização do seu deck. Se você assistir o Coverage de algum Grand Prix de Magic, principalmente nas rodadas mais próximas do Top 8, você vai ver que a galera embaralha e embaralha muito o deck. Inicialmente até parece um exagero, mas se você for parar pra pensar, se fosse exagero e desgaste a toa, os Pros não fariam isso. Um campeonato como um GP já é cansativo demais por si só pra alguém fazer algo a mais do que o necessário, que despende bastante energia, diga-se de passagem.

Existe uma fórmula perfeita para o embaralhamento? Desconheço, mas acredito com convicção de que qualquer coisa menos do que uns 10 Shuffles + 7 Riffle Shuffles + 1 Pile Shuffle + 7 Riffle Shuffles está errada. (Lembrando que em torneios de nível competitivo o oponente tem a obrigação de embaralhar o seu deck quando você concluir, ai se vão mais umas 5 embaralhadas no mínimo.)

Um bom tempo embaralhando é um mal necessário no Magic, não fique com preguiça!

Enfim, essas são algumas questões que são ignoradas após uma derrota, coisas que eu as vezes erro e você que está lendo provavelmente também.

E tem outra coisa, não ignore os erros quando você ganha, faça questão de discuti-los e comentá-los com os seus amigos. Eu no último PTQ que joguei bati com um dragão 4/4 fly, haste.. O oponente com uma Nessian Asp de pé. Ele não bloqueou, eu ganhei o jogo, sai feliz.. Podia não ter contado pra ninguém o ocorrido, mas às vezes acontece de você esquecer algo como Reach, deixar por isso, repetir o erro em alguma outra situação.. ou pior, não contar o ocorrido e depois ver um amigo dando a mesma vacilada.

Discuta sobre os seus erros, ao invés de ficar chorando por sorte/azar. O ambiente em Florianópolis anda bastante carregado de Mimimi, infelizmente. Estamos com uma leva de jogadores que quando fazem resultados positivos, como um 3-1 num FNM, por exemplo, quando perguntados sobre os jogos te dizem coisas como “Ah ganhei os 3 rounds pq eu joguei bem e perdi pq não veio terreno”, ou pior, “perdi pq o meu oponente tava iluminado”. Esse tipo de atitude parece ter influenciado players que antes não eram adeptos do Mimimi, mas que agora enfrentam um deck com 4of de Sphinx’s Revelation, por exemplo, e fazem comentários do tipo “tu achou uma Sphinx naquela divination? ta de brincadeira né.. o bicho é muito sortudo” pra pior.

Se você esta lendo isso e não é de Floripa, provável que você tem jogadores assim na sua região também, mas eu espero que ai eles não sejam a maioria como eles são aqui, uma vez que isso só torna o ambiente de jogo menos agradável do que deveria ser, somado ao fato de espantar novatos e outros jogadores que não tem toda essa competitividade baseada em choro. Chega ao cúmulo de um jogador dar o -2 do Jace, AOT.. encontrar algo bem normal, tipo 1 Jace, Memory Adept, 1 Sphinx e 1 Land.. e vc já ouvir do outro lado da mesa um audível “ta certo.... claro...” e todo o choro impregnado.. numa galerinha que não sabe admitir que perdeu de forma justa e merecida, não é capaz de admitir que errou em algum ponto.

Não sei se tais atitudes são motivadas por Ego ou por simples infantilidade, mas por um ambiente melhor e, por conseguinte, com jogadores melhores, gostaria muito de que o mimimi diminuísse, uma vez que o mesmo só atrapalha tanto quem quer melhorar, como quem está chorando indefinidamente.

Me envergonho do último campeonato que joguei e de minhas atitudes de mimizento. Voltei pro lado bom da força, o lado que dá bons resultados em longo prazo, o qual tenho certeza que é necessário para se melhorar no Magic. Faça o mesmo, vale a pena.

Ao invés de ser o cara que reclama que só pegou badmatch e por isso perdeu, por exemplo, seja o cara que leu artigos, conversou com amigos e descobriu como melhorar o match em questão. Seja o player que evolui com o tempo e que não fica estagnado num mesmo nível por anos e anos no magic.

Com certeza você será recompensado por isso.

-Bruno Müller