Por Vincent D. Schneider
“Eu abri 3-0, o Lenon abriu 3-0, tem um pessoal de Floripa 2-1 e o Vico abriu 0-3.”
Essa frase se tornou comum no começo desse ano, quando o Bruno Müller do nosso time resolvia informar a namorada dele e a minha sobre o andamento do torneio.
GP Rio, WCMQ e PTQ em Porto Alegre e
alguns outros torneios esporádicos, eu ia acumulando resultados
pífios que desanimariam qualquer jogador de Magic. Eu lamentava,
parecia uma onda de azar que se recusava a terminar, culpava a zica,
o meu oponente vir curvado, o flood, escolhas erradas de deck e me
esquecia do principal, jogar melhor.
O problema é que a cada resultado ruim, a minha motivação para melhorar ia se esvaindo. Só quem já fez 1 ou 2 resultados muito ruins consecutivos ou em curtos espaços de tempo sabe o desânimo que bate, os questionamentos internos, inseguranças, etc. Foi uma fase muito difícil, a cada campeonato, por menor que ele fosse, eu havia perdido antes mesmo de começar devido ao meu próprio desânimo.
Magic é um jogo que exige muito do jogador mentalmente e, caso o seu estado mental não esteja bom, seja por problemas pessoais ou por sua própria insegurança nas suas habilidades, há uma chance muito grande de você não atingir um resultado desejável.
Algumas crises de identidade depois, eu comecei a ler mais artigos, me apoiei nos meus colegas de equipe e melhorei minha concentração durante os jogos ao admitir para mim mesmo que o erro estava na forma como eu conduzia as partidas e não na minha falta de sorte.
De lá pra cá, eu consegui 2° e 3° lugares em torneios de times (este último terminando em primeiro no suíço) e fiz top 8 em dois GPTs, perdendo na semifinal em um deles. Além disso, um 3° lugar num pre-release.
“Mas Vico, esses nem são resultados tão expressivos assim.”
Com certeza, não há muito a se gabar com esses resultados e esse nem é o meu objetivo.
Como o próprio Bruno Müller comentou comigo há alguns dias: “Teu ano começou uma droga e terminou muito bom.”
Aonde eu quero chegar é que, pra quem não parecia conseguir se recuperar, conseguir resultados bons em curtos períodos de tempo e sem serem interrompidos por resultados fracos, mostra que a motivação e a dedicação são partes fundamentais do Magic.
Além disso, pode-se dizer que eu sou uma das provas vivas de que um jogador não pode se deixar abalar por um ou outro (ou 10!) resultados ruins. Se as coisas não estão a correr bem, faça algo em relação a isso. Mude o seu deck, o seu sideboard, o seu estilo de jogo. Leia mais. Nesse meio tempo, até um artigo do Tomoharu Saito falando sobre como melhorar a sua concentração eu li. Cada informação nova agrega valor à sua experiência de jogador e o torna um player melhor.
O mais importante é não perder a sua
motivação. Podemos pegar o famoso Willy Edel, Pro brasileiro que já
conseguiu vários resultados impressionantes como exemplo. Há algum
tempo atrás ele vinha de uma sequência muito ruim e, depois de
quase desistir de jogar profissionalmente (sim, Pros também têm
seus momentos de fraqueza), conseguiu pegar o ranking platinum ano
passado e já figura entre os 10 melhores jogadores do ano, de acordo
com o ranking da wizards.
O Paulo Vitor Damo da Rosa, o nosso PV, é outro exemplo que pode ilustrar exatamente o que eu quero dizer. Acredito que ninguém duvide de sua capacidade ou mesmo de sua fama de um dos melhores jogadores do mundo. Mas a sua fase não é das melhores já há algum tempo, seus resultados não expressam com exatidão a sua habilidade como jogador.
A questão agora, jogador que não está fazendo bons resultados, é a seguinte:
Qual exemplo você prefere usar como parâmetro? O PV, cujos resultados ruins não refletem as suas habilidades, ou o Vincent do começo do ano, que merecia cada resultado ruim que alcançava? Quem você prefere ser?
Resultados ruins acontecem. Para cada Pro que aparece no top 8 de algum campeonato, existem incontáveis resultados ruins por trás. Cada um deles joga dezenas de torneios pra fazer resultados bons/excelentes em 2 ou 3. Então se eles, que são pros, podem, por que nós não podemos não é?
Aprenda com os seus erros. Converse com seus amigos e colegas de equipe. Leia mais. Mas, acima de tudo, não desanime.
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