Magic não é conto de fadas. Àqueles
jogadores que buscam adentrar o mundo competitivo, é preciso estar
preparado. Não há como fugir, um deck competitivo, seja ele T2, ou
de qualquer outro formato, vai sair caro. Se o desejo é de sair
vencedor, é preciso jogar com as melhores cartas possíveis, mas
disso eu tenho certeza de que todo mundo (ou quase) já tem ciência.
Esses dias, checando alguns grupos de
Magic no facebook, me deparei – e participei – com uma discussão
que me motivou a escrever sobre isso. Na postagem, discutiam sobre
como “Magic é só dinheiro” e como “Sem dinheiro, não há
skill que se sobressaia”. Bom, vamos por partes. Magic não é só
dinheiro e, em momento algum a habilidade de um jogador vai ser
definida pelo valor do seu deck. Isso é uma ideia errônea que
desmerece toda a dedicação e treino que aquela pessoa
(provavelmente) investiu para estar ali e, muitas vezes, isso acaba
sendo papo de mau perdedor.
Ninguém aqui é louco de reclamar que
“Po! Fórmula 1 é só dinheiro, os caras só correm com carros de
milhões de doláres, meu Palio não da conta de vencer, qualquer um
com um carro desses que os pilotos têm consegue vencer um
campeonato.” Se você quer competir com os melhores, você deve
tentar se colocar nas mesmas condições que eles, não é verdade?
No fundo, a pessoa sabe que o Vettel é muito mais piloto que ela,
mas a desculpa de que ele tem mais dinheiro pra investir lhe cai
melhor, afinal é muito mais fácil jogar a culpa em outra coisa que
não em si mesmo.
O fato é que muitas pessoas insistem
em achar que dinheiro é responsável por 70, 80% dos triunfos no
jogo, mas isso não passa nem perto de ser verdade. É possível sim
fazer resultados com decks mais em conta. Isso não significa que o
deck vai se tornar um dos mais fortes, apenas que, como o Magic
competitivo é baseado em ambiente, no campeonato X, onde o ambiente
contava com um número Y de decks Z que têm um match fraco contra o
seu, foi possível tirar vitórias da cartola e se dar bem.
É chato repetir essa frase, mas como
muita gente já disse: “Se skill importasse tão pouco, não seriam
sempre os mesmos no topo a cada torneio”. Essa frase não tem como
estar mais correta. Habilidade do jogador no cenário competitivo
impora sim, e pronto, a maior prova são os resultados dos
campeonatos. Não é porque Owent Turtenwald, Reid Duke, William
Jensen e cia são ricos que eles estão sempre levando tudo, é
porque eles se dedicam, eles treinam. Pra adentrar no cenário
competitivo, é preciso investir sim em Magic, mas sem a prática, é
impossível obter resultados positivos.
Eu sei que, pra quem está começando
agora é complicado investir em um deck de R$1500,00, e existem
outras alternativas, mas uma hora ou outra, caso
exista mesmo a vontade de se manter no cenário competitivo, isso vai
ter de ser feito, não adianta achar ruim os preços das cartas e que
o pessoal só usa decks caríssimos.
Vamos falar um pouco sobre isso, então.
Existe uma ideia muito errada de que o deck mais caro quase sempre
vai vencer e isso passa longe, mas MUITO longe de ser verdade. Vamos
tomar o atual metagame T2 como exemplo. Na temporada passada, tivemos
decks caríssimos como o Jund que se davam muito bem e, com a chegada
de Theros, o ambiente passou a ser dominado por monoblues e
monoblacks devotion. Os dois decks surgiram logo no começo do novo
metagame, usando cartas como Pack Rat, Nightveil Specter, Desecration Demon, Frostburn Weird, Judge's Familiar, etc. Essas são todas
cartas que nunca viram muito jogo (algumas nunca tinham visto jogo,
ponto.) e que eram muito, mas MUITO baratas. Esses decks passavam
longe de serem os decks mais caros dos campeonatos em que apareceram
e, ainda assim, se saíram muito bem, mostrando que não é o deck
mais caro que sempre ganha.
Em contrapartida, existem decks como o
Burn do atual metagame que, de vez em quando, aparece bem em alguns
campeonatos, mas nunca vê o preço das suas cartas explodir. Isso
acontece porque esse é um caso de deck quese beneficia dos metagames
específicos de alguns torneios, onde enfrenta alguns decks que se
mostram mais presentes e que têm um match ruim contra ele, para
poder escalar até o topo, mas que, em um ambiente mais equilibrado,
sem a dominância tão gritante de um deck X, não se destaca dos
outros.
Hoje, as cartas que movem os monoblues
e monoblacks explodiram de preço, e é isso o que acontece. É por
isso que a teoria de que o deck mais caro será sempre melhor é
furada. Antes do deck ser caro, alguém precisou pegar algumas cartas
que tinham potencial não explorado e fazê-las funcionar. É
simples, como qualquer elemento desse nosso mundo capitalista, o
preço das cartas é baseado na demanda. Não é porque a carta é
cara que simplesmente devemos usá-la no deck, é o caminho oposto.
Tirando cartas que, devido à sua raridade e ao seu óbvio poder
acima da média (Brimaz, etc.), são fáceis de serem avaliadas como
cartas que inevitavelmente jogarão, o preço delas se adapta à sua
usabilidade e não é porque os lojistas são gênios entendedores de
metagame que prevêem exatamente quanto a carta X deve valer.
Caso alguém revolucione e invente um
novo deck de R$600,00 que leve todos os campeonatos, ele
provavelmente vai valer esses R$600,00 por apenas algumas semanas.
Conforme a demanda por suas cartas for aumentando, o preço médio
delas também vai aumentar e ele logo vai atingir os mesmos R$1500,00
de todos os outros decks Tier 1 ou 2 do ambiente, não há como fugir
disso.
É importante, e isso eu digo com
relação a tudo no Magic, ter planejamento. Uma época boa para
inventar novos decks, mesmo que baratos, pra tentar se dar bem é a
época entre edições, logo depois da rotação. Os decks tendem a
ser mais fracos, as bases de lands também. Nesses cenários, quase
sempre surge um monored forte, por exemplo, que tem uma certa
consistência e tem dificuldade em zicar. Pensando assim, é provável
que numa época dessas, cartas como Firedrinker Satyr e StormbreathDragon sofram um aumento em seus preços. São análises assim que
devem ser feitas, pensar em quais cards podem se aproveitar dos
chamados “metagame shifts” e passar a brilhar. Uma carta como o
Stormbreath Dragon, por exemplo, tem chances de ter seu preço
aumentado para nunca mais baixar enquanto for T2, uma vez que já é
uma carta bem usada.
Não tem como reclamar da Wizards, do
Magic, dos lojistas, da DEVIR (!), porque é assim que as coisas são.
Preço = Demanda, em qualquer lugar do mundo. Você pode pagar caro
por um deck comprovadamente bom ou se arriscar e tentar ser aquele
que vai montar o deck papa-tudo de R$600,00 que logo vai ter seu
preço explodido. Caso opte pela segunda opção, é preciso ter em
mente que essa é a sua escolha, não adianta reclamar que “Fulano
ganhou de mim porque o deck dele é mais caro”.
E, ainda, antes de tomar essa segunda
decisão é bom que esteja avisado: Você não vai simplesmente pegar
o deck do seu avô e sair ganhando tudo porque você acredita no
coração das cartas. Magic não é um conto de fadas.
Nope.
-Vico
Gostou? Curta nossa página no facebook!
Nenhum comentário:
Postar um comentário